segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Entrevista Exclusiva com a Escritora de "Dans Ton Ombre Je Peux Briller" - Parte 2

Abaixo, trazemos a 2ª parte da entrevista com Caroline Sauvageot. Você também pode ler a primeira parte da entrevista aqui!
# 5507 ~ Prinz16's News            12 octobre 2011

Você menciona vários tópicos em seu romance, como o filme "1934" do livro de George Orwell, Krautrock... Você poderia nos dizer mais sobre tudo isso?

Caroline Sauvageot: Sim, a razão pela qual eu me senti familiarizada com o Tokio Hotel foi que o seu universo, que eu já conhecia do mundo do Glam Rock, David Bowie, Andy Warhol e do "New York Underground". Eu notei que em suas premisas, a inspiração no filme "1984" do romance de Orwell era uma constante. Esse mundo glauco, melancólico, resultante de anos de guerras atômicas e direcionado por um ditador onipresente não faz com que eles parem de se inspirar por tudo. De "Schrei" até "Noise", a banda continuou dizendo aos fãs o quanto é importante ser você mesmo, não deixar ninguém nos controlar, caso contrário, nos tornaríamos objetos de governo de um grupo de pessoas que têm o objetivo de apenas nos fazer servir seus próprios interesses, dar mais poder a eles, mais dinheiro e nesse caminho. O pobre fica mais e mais pobre, sua liberdade é limitada dia após dia, enquanto o líder rico continua ganhando mais e mais privilégios.
Recentemente, com a morte de Steve Jobs, os fãs fizeram uma amálgama ruim da sua propaganda de 1984, que foi precisamente um belo piscar do trabalho de Orwell, aonde o ditador assumia controle das telas de todos os lugares, até os quartos das pessoas. O primeiro filme foi criado em 1954 e eles eram as telas. A Apple estava orgulhosa de dizer que em 1984 a qualidade de seus produtos dava nome à sua marca e que o ano de 1984 não seria como o filme "1984"! Mas no que diz respeito ao Tokio Hotel, há chances de que eles nem saibam sobre a existência desse comercial americano. Eles são inspirados pela história e o que o trabalho de Orwell representa (e outra coisa que deixo você saber através do romance): a luta contra o totalitarismo e o poder nuclear.

Através de suas músicas, também podemos ver que eles se preocupam com a natureza, o tempo, o espaço e os fenômenos climáticos. Não podemos contar quantas vezes eles falam de chuva, tempestades, estrelas, sonhos, tempo, lua, para sentirem alguma coisa... Isso também é uma constante em suas músicas, desde "Monsun" até "Hurricane", e esses são exatamente os tópicos de Krautrock, essa música eletrônica que revolucionou a música nos anos 70 na Alemanha e que eles chamam de "música cósmica". Nós sentimos a influência das descobertas do espaço, os primeiros passos na lua e as mudanças sociais na Alemanha (assim como na França). Uma das bandas mais populares é o Kraftwerk. Eles inspiraram muitos artistas como David Bowie, Rammstein ou Coldplay. Seu credo era fazer letras com palavras muito simples em sons eletro-industrializados, algo que ninguém tinha ouvido antes nem explorado em sua época. Uma de suas músicas mais famosas é "Autobahn", que se tornou um conceito de liberdade na Alemanha - pegar seu carro e dirigir na estrada, sem um destino certo, livre. Acho que todos ouviram a banda falar sobre esse conceito, que é uma parte integral de sua cultura, assim como na França temos o conceito de "Segunda debaixo do sol" de Claude François. Muito frequentemente eles confiam que sua única liberdade é quando eles estão sozinhos e dirigem seus carros nas estradas. E no Japão, o Tom até usou a palavra "Autobahn" em Alemão, sem usar a palavra em Inglês. Então, podemos dizer que isso tem um significado forte para ele.

Essa banda, Kraftwerk, também é o embleda da luta contra o poder nuclear em sua música "Radioactivity" e hoje a Alemanha parou com ela, contrária à França, que parece muito longe disso e é o país mais "radioativo". Parece que aqui, a banda quis passar a mensagem para nós quando eles filmaram o clipe de "1000 Meere" em meados de Outubro de 2007 nos subúrbios de Paris. Um das coisas que eu notei imediatamente, em adição do significado dos trens (que eu explico no romance), foi o modo como eles representam a França, através da região de negócios de La Defense, aonde os prédios emaranham com a tela, e a fábrica térmica EDF (empresa francesa de eletrônicos) de Porcheville. As pessoas que ganharam dinheiro com o poder nuclear, causando prejuízo à proteção da natureza. Eles poderiam ter mostrado hotéis luxuosos, o Champs Elysées, a Torre Eiffel, mas eles escolheram uma fábrica nuclear. 
Também na campanha da HRS, podemos ver uma pequena figura do Godzilla, que representa o medo do poder nuclear, já que esse monstro marinho foi acordado na baía da Tóquio por testes nucleares. E ao lado, nós podemos ver um grande livro de Titulação, "Dark Omen". Ainda é um sinal que denuncia, em todos os muros da Alemanha, que o poder nuclear foi uma predição ruim para o futuro. Depois de tudo isso, não é surpresa que a banda seja apoiada 100% no Japão depois do drama em Fukushima. 

Eu também considero o significado da logo (da banda). É realmente um T dentro de um H? Uma barra na vertical representa a inteligência simbolicamente. Isso é ilustrado perfeitamente em "2001, A Space Odyssey", aonde uma tábua vertical representa a inteligência extraterrestre. A sabedoria dada aos seres humanos. E as três barras horizontais, de acordo com você, o que podem ser? Uma referência à Cruz Papal? Ou às antenas das ondas de rádio? Mas três linhas são sempre algo importante - o Pai, o Filho e o Espírito Santo? Passado, presente e futuro? Os gêmeos, o Gustav e o Georg? E o círculo em volta, o que ele pode querer dizer? Eu dou uma explicação no romance, mas seria interessante algum dia ter a resposta da banda sobre isso.

Esses foram alguns exemplos das inspirações da banda, mas há muitas outras coisas e é sempre muito interessante descobrir o que há por trás da música de uma banda, o que os inspirou ou a mensagem secreta que eles queriam mostrar através de um vídeo. Claro, cada um faz a sua própria interpretação, cada um tem sua própria história com uma música e esse é o bom da música. O artista pode escrever sobre alguma coisa séria e os fãs podem adaptá-la e fazer dela algo leve ou alegre. Então, após ler o meu romance, pode acontecer que alguns fãs entendam as músicas de outra maneira, ou ao contrário, que eles não concordem com essas análises. Nunca há apenas um modo de interpretar a Arte e é isso o que a faz tão interessante.

Como foi trabalhar com os fãs da banda? Como você os conheceu?
Caroline Sauvageot: Desde o começo, tudo ocorreu muito bem e eles me levaram junto ao seu universo. Eu procurei aleatoriamente no Google "Tokio Hotel" e achei o blog pessoal de uma fã, então achei o blog de notícias da Tek, que foi a minha referência na época. Eu realmente tive que aprender tudo sobre a banda e li tudo desde 2005, vi todos os vídeos, entrevistas e acompanhei a turnê de Outubro, na verdade. Foi quando eu descobri a loucura dos fãs e fiquei um tanto quanto fascinada. Assim como fiz com a banda, eu analisei muitos deles, sua situação social e família, sua paixão pela banda, o que ligava aos fãs do TH e segui muitos fãs, com uma base bem parecida e sendo todos parte de uma grande família. Então, gradualmente, eu observei os grupos que se separavam, os fãs que crescentemente se tornaram extremos e aqueles que, ao contrário, perderam o fanatismo até que ele desaparecesse. 

Esse trabalho de observação, tanto com a banda quanto o lado dos fãs, durou até o final de 2009. Eu levei todo este tempo, até o lançamento do Humanoid, para ter uma boa visão das duas partes, assim como o mundo musical. Foi necessário tomar esse tempo para realmente aprender sobre o que eu iria escrever, ou o risco seria de cair sobre estereótipos e categorizar os fãs, enquanto todos eles são diferentes. Assim, eu faria retratos através das séries. Nós seguiremos certos fãs e, assim como no mundo real, alguns novos chegarão. 

O apoio mais inesperado veio de fora, quando os fãs repostaram a informação de que eu escrevi este romance, quando anunciei que seria lançado em Inglês. A partir aqui, os fãs portugueses, russos, gregos, mexicanos e sérvios me perguntaram se poderiam traduzir para sua própria língua, porque os fãs mais novos não entendiam Inglês muito bem. Então, fiquei sabendo sobre a rede do TH, e acredito que ela é algo especial. Eu não sei se qualquer outra comunidade é tão conectada entre todos os países como a dos Aliens. Além disso, é algo totalmente incrível para mim ter um público em todo o mundo e o benefício que ganho com isso me faz querer agradecer a todos eles, assim como os fãs franceses, claro, que seguem esta aventura desde o começo!

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